Sequência de reportagens sobre a Polícia Militar de SP obtidas de vários jornais.
Obtido de:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1123818-policia-militar-de-sao-paulo-mata-mais-que-a-policia-dos-eua.shtml
22/07/2012
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07h00
Polícia Militar de São Paulo mata mais que a polícia dos EUA
Em cinco anos, a PM do Estado de São Paulo matou quase nove vezes mais do que a polícia norte-americana.
Dados obtidos pela Folha mostram que, de 2006 a 2010, 2.262 pessoas
foram mortas após supostos confrontos com PMs paulistas. Nos EUA, no
mesmo período, conforme dados do FBI, foram 1.963 "homicídios
justificados", o equivalente às resistências seguidas de morte
registradas em São Paulo.
Analisando as taxas de mortos por 100 mil habitantes, índice que
geralmente é usado para aferir a criminalidade e comparar crimes em
regiões diferentes, constata-se que no Estado de São Paulo, com
população de 41 milhões de habitantes, a taxa é de 5,51. Já nos EUA,
onde há 313 milhões, a taxa é de 0,63.
Os números mostram que mesmo adotando técnicas de redução de letalidade, a PM paulista ainda mata muito.
O método Giraldi, que orienta o PM a atirar duas vezes e parar, tem sido
deixado de lado. Especialmente desde a segunda quinzena de junho,
quando a tropa entrou em alerta, após a morte de oito policiais
militares.
Segundo familiares de PMs ouvidos pela Folha, os assassinatos dos colegas geraram um "grande clima de tensão".
Para o defensor dos três policiais presos acusados de matar o empresário
Ricardo Prudente de Aquino, 39, na última quarta, o homicídio foi uma
fatalidade, e a causa, o "clima constante de confronto nas ruas".
O empresário foi morto após fugir de um cerco policial. Os PMs dizem ter confundido o celular da vítima com uma arma.
"Meus clientes policiais se queixam demais, especialmente nesses últimos
dois meses, quando muitos deles foram alvo de ataques", diz o advogado
Fernando Capano. "Eles temem sair para trabalhar e não voltar mais."
Um policial, amigo de um dos oito mortos, concorda. "Os PMs do 23º
batalhão [onde os três presos trabalham] mataram esse rapaz no susto.
Hoje, em qualquer reação de alguém, o pensamento do policial é 'antes
ele do que eu'", disse à Folha um policial, que pediu anonimato.
TROPA CONTROLADA
O secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, disse
anteontem não faltar treinamento aos PMs e que o comando da corporação
controla a tropa. "Controle absoluto", garantiu ele.
"O comando está plenamente tranquilo de que tem o comando nas mãos. Não
há nenhuma precipitação ou hipersensibilidade por parte dos policiais
que trabalham na rua", disse.
Procurada, a PM não se pronunciou sobre a comparação da letalidade policial em São Paulo com a dos EUA.
O comandante-geral interino da PM, coronel Hudson Camilli, afirma que a
ação que resultou na morte do empresário foi "tecnicamente correta"
porque houve a perseguição de um suspeito que desobedeceu à ordem de
parada. Segundo ele, a credibilidade da PM não está abalada e não houve
crescimento da letalidade. Disse ainda que o número de mortos em
confronto com a PM está dentro da normalidade.(
ANDRÉ CARAMANTE,
GIBA BERGAMIM JR. E
AFONSO BENITES)
Ver também nos links abaixo ou nas reportagens a seguir:
Entre os PMs presos em São Paulo, metade é por homicídio
'Tropa está sob controle', diz secretário da Segurança Pública
21/07/2012
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06h30
Entre os PMs presos em São Paulo, metade é por homicídio
Metade dos policiais militares presos atualmente no Presídio Militar
Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo), está lá por
conta de envolvimento em casos de homicídios dolosos (intencionais).
É o que revela levantamento do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo.
Com 167 vagas, o Romão Gomes opera hoje com 190 policiais militares
presos -14% acima da sua capacidade. A PM tem aproximadamente 90 mil
policiais em todo o Estado, além de 6.000 soldados temporários.
Somente anteontem, sete policiais militares foram mandados ao presídio
por causa das mortes do empresário Ricardo Prudente de Aquino, 39, no
Alto de Pinheiros (zona oeste), e do estudante Bruno Vicente de Gouveia e
Viana, 19, em Santos (a 85 km de São Paulo).
Segundo o juiz corregedor Luiz Alberto Moro Cavalcante, do Tribunal de
Justiça Militar, 40% dos PMs presos no Romão Gomes estão condenados ou
investigados sob suspeita de crimes contra o patrimônio com violência.
Nesses 40%, além de policiais acusados de roubos, principalmente de
caixas eletrônicos, estão ainda PMs presos por sequestros, tráfico de
drogas e crimes sexuais.
Os outros 10% são acusados ou condenados por vários crimes, a maioria
típicos da função e previstos no Código Penal Militar, como
favorecimento a desertor (policial que abandona a corporação).
TRANSFERÊNCIAS
Há dez dias, de acordo com Cavalcante, 13 presos que estavam no Romão
Gomes, todos condenados e já expulsos da PM, foram levados a uma
penitenciária em Tremembé (a 138 km de São Paulo).
Ali ficam ex-policiais civis, militares, agentes prisionais e outras
categorias de servidores públicos demitidos ou não dos quadros do
Estado.
Apesar da transferência, dos 190 policiais presos no Romão Gomes, em
torno de 45 já foram demitidos da PM e também deverão ter como destino a
prisão de Tremembé -para abrir espaço a policiais que venham a ser
presos.
(ANDRÉ CARAMANTE E AFONSO BENITES)
21/07/2012
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07h00
'Tropa está sob controle', diz secretário da Segurança Pública de SP
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto,
disse ontem que não falta treinamento aos policiais militares e que o
comando da corporação tem controle sobre a tropa.
"Controle absoluto", garantiu ele ontem, na primeira manifestação
pública após as ações da PM que terminaram em mortes "injustificáveis",
segundo o próprio governo.
"O comando está plenamente tranquilo de que tem com o comando nas mãos.
Não há nenhuma precipitação ou hipersensibilidade por parte dos
policiais que trabalham na rua."
Ao participar com o secretário da formatura de 920 soldados, o
governador Geraldo Alckmin falou rapidamente sobre os casos. "A
tolerância, a qualquer tipo de abuso ou erro, é zero", disse.
Questionado pela imprensa, o tucano transferiu a missão ao secretário.
"Ele não fugiu [do tema]. É que eu tenho mais condições de explicar as
questões de segurança."
Ferreira Pinto também tentou esclarecer a avaliação do comando da PM de
que foi "tecnicamente perfeita" a ação que resultou na morte do
empresário Ricardo de Aquino.
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Jorge Araújo/Folhapress |
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O governador Geraldo Alckmin e o secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, no vale do Anhangabaú |
Disse que o que coronel Hudson Camilli quis dizer é que a ação foi
correta até os disparos. O "acompanhamento" foi tecnicamente perfeito,
mas a abordagem foi "desastrada".
"Eles erraram totalmente. Erraram no momento em que atiraram. Não é o
simples fato de o indivíduo desobedecer uma blitz que merece ser
recebido a tiros", disse.
Totalmente errado, para ele, foi o fato de o coronel Camilli ter pedido desculpas publicamente à família de Aquino.
"A gente lamenta, lamenta bastante. Desculpas neste momento é algo muito
vazio e sem sentindo. A questão de desculpa chega a ser até ridícula,
bisonha. A família fica até mais indignada porque parece até uma certa
insensibilidade."
Ferreira Pinto também rebateu a críticas do ex-secretário José Afonso da
Silva, que disse que gestão Alckmin, ao contrário da Covas, tolera a
violência policial como forma de combater a criminalidade.
"O professor José Afonso da Silva é um brilhante jurista. Mas foi um
secretário bisonho, fez um trabalho medíocre. Respeito as palavras dele,
mas não concordo. Não toleramos, em hipótese alguma, abuso, violência,
corrupção", disse.
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Robson Ventura-19.jul.12/Folhapress |
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Ford Fiesta do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, 39, que teve o para-brisa marcado pelos disparos |
FORMATURA
Na cerimônia de formatura, Alckmin disse, em seu discurso, que missão da
PM paulista, uma "das melhores do Brasil, é "servir e proteger".
O secretário foi mais enfático. Dirigindo aos novos policiais, o
ex-oficial da PM pediu para eles não se deixassem contagiar por
sentimentos menos nobres. Disse que os desvios de condutas são punidos
exemplarmente. "O sonho de hoje pode ser o sofrimento de amanhã",
avisou.
MAJOR AFASTADO
Um major do 23º Batalhão da PM (zona oeste), foi afastado do cargo ontem
porque, na visão da Secretaria da Segurança, falhou ao não evitar que a
equipe de três policiais envolvidos na morte de Aquino saísse às ruas
sem um sargento.
O sargento, que seria o chefe do grupo, não foi trabalhar naquela noite, segundo apurou a
Folha.
(Antonio Ferreira Pinto foi demitido em 21/11/2012 em meio à onda de violência em SP. Ver reportagem a seguir.)
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21/11/2012 10h00
- Atualizado em
21/11/2012 13h31
Secretário da Segurança Pública de São Paulo deixa o cargo
Antonio Ferreira Pinto deixa a função em meio à onda de violência.
Nesta madrugada, sete pessoas morreram na Grande São Paulo.
O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto,
foi exonerado do cargo nesta quarta-feira (21). A mudança no gabinete
de Segurança acontece no momento em que o estado passa por uma onda de
violência. O ex-procurador-geral de Justiça Fernando Grella Vieira
assumirá o cargo na quinta-feira (22), segundo o governador Geraldo
Alckmin.
“O secretário Ferreira Pinto trabalhou conosco quase sete anos, foi um
bom secretário Administração Penitenciária e secretário da Segurança
Pública, colocou o cargo à disposição”, disse o governador após evento
na Zona Norte de São Paulo.
No final de outubro, Ferreira Pinto e o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, trocaram farpas. Cardozo deu declarações informando que
ofereceu ajuda a São Paulo diante da onda de violência dos últimos
meses, com o assassinato de dezenas de civis e policiais militares.
Ferreira Pinto negou ter recebido a oferta, acrescentando que a
afirmação de Cardozo teve fins políticos, já que o anúncio foi feito um
dia antes do segundo turno das eleições municipais.
Em seguida, os governos paulista e federal anunciaram, no dia 6 deste
mês, uma ação integrada de combate à violência. A parceria foi firmada
em torno de seis pontos: criação da agência de atuação integrada, ações
relacionadas ao sistema prisional (que inclui transferência de presos),
ações de contenção nos acessos ao estado, combate ao crack,
possibilidade de criar um centro pericial e criação de um centro de
comando de controle integrado.
Do começo do ano até esta terça-feira (20), 93 policiais militares
foram assassinados em todo o estado de São Paulo. Ao longo do ano, o
governo do estado também registrou alta no índice de crimes contra a
vida (homicídios dolosos e latrocínios), conforme balanços da Secretaria
da Segurança Pública (SSP).
A onda de violência começou após seis homens serem mortos
por policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) no
estacionamento de um bar na Penha, no dia 29 de maio. Uma testemunha
afirmou que um suspeito foi preso no local e executado na Rodovia Ayrton
Sennna.
Um balanço divulgado em outubro pela SSP apontou alta significativa nos
índices dos chamados crimes contra a vida em setembro em comparação com
o mês de agosto. Em outubro, um informativo interno da Polícia Militar
pede para seus comandados não reagirem a assaltos quando estiverem
sozinhos. O boletim "Patrulheiro" publicou que o policial é “um alvo em
potencial, mesmo de folga” e, por isso, precisa tomar medidas de
segurança.
Novo secretárioO procurador-geral de Justiça
Fernando Grella Vieira, de 54 anos, foi secretário da Procuradoria de
Justiça Cível do MP e vice-presidente da Associação Paulista do
Ministério Público.
Ele já foi secretário-geral da Confederação Nacional do Ministério
Público e atuou no Congresso Nacional no acompanhamento de reformas
constitucionais (administrativa, previdenciária e judiciária).
O procurador foi presidente do Conselho Nacional dos Procuradores
Gerais de Justiça dos Estado e da União nos anos de 2010 e 2011, membro
do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, e representou o
MP brasileiro no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da
Presidência da República.
Madrugada violenta
A madrugada desta quarta-feira também foi marcada pela violência.
Entre a noite desta terça e esta madrugada, nove pessoas morreram
na capital paulista e em Itaquaquecetuba, Guarulhos e Osasco, na Grande
São Paulo. Quatro dessas vítimas foram mortas em ataques feitos por
criminosos em motos. Um ônibus foi incendiado na Zona Leste - ninguém
ficou ferido.
O número de mortes nesta madrugada é superior à média diária de
assassinatos no mesmo mês do ano passado, que foi de 6,6 vítimas (
veja tabela).